Dimensões do modelo 4D e responsabilidades

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Dimensões do modelo 4D e … responsabilidades? (1)

Este artigo é baseado no artigo FLUXONOMIA 4D: AS QUATRO ECONOMIAS DE FUTURO (2) e em reflexões minhas desde que conheci, ainda que superficialmente, a Fluxonomia (3).
Junto a ela, minha visão que contempla redes, nodos e seus fluxos (4).
E complexidade, muita complexidade e seus sistemas interligados.

Estamos em uma transição de modelos de viver, empreender, gerir, fazer curadoria, sensibilizar, aprender, interagir, colaborar.
Já foi necessário estar atuando em zonas de muita inovação e experimentação para se perceber isso, mas agora, em 2024, cada vez mais se nota que o panorama vem mudando. 

Como observam os fluxonomistas, se cada vez mais dá para se perceber que a crise vem do fato de que os problemas e velocidade são exponenciais (crescem rapidamente, por multiplicação), também dá cada vez mais para se perceber que nossa capacidade de resposta ‘tradicional’ tende a ser linear (tem pouco alcance e avança lentamente, por soma). 


Uma das principais características dos fluxonomistas (e da Fluxonomia) é ver as coisas em 4 dimensões e ver os fluxos entre estas 4 dimensões.


E é o que basicamente os diferencia de vários outros “futurologistas”.


AS ECONOMIAS

Então a solução para a questão que foi colocada acima está em buscar dinâmicas e estratégias que tenham natureza exponencial e foi isso principalmente que a Fluxonomia fez. 

E nesta busca por resultados exponenciais, foram identificadas por grupo em geral, e por Lala Deheinzelin (5)  em particular, quatro economias que na época em que os artigos foram escritos eram ‘do futuro’ e que agora são cada vez mais ‘do presente’ e que seguem um padrão e um fluxo onde uma economia ativa exponencialmente a outra

São elas:

ECONOMIA CRIATIVA: 

fluxo de “matérias primas” abundantes, que não se consomem, mas se multiplicam com o uso, como cultura, conhecimento, criatividade, experiências da comunidade.

[ver o vídeo de flashmob em Santander]  

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ECONOMIA DO COMPARTILHAR: 

fluxo de infraestrutura de forma mais acessível e sustentável, a partir do compartilhamento de espaços, equipamentos, materiais.

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[uma empresa que faz compartilhamentos de carros]

pemavel.com.br/servico-de-carro-compartilhado-como-funciona/

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ECONOMIA COLABORATIVA: 

fluxo de iniciativas, conectadas e convergindo potências por meio de gestão distribuída e processos em rede.

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[ver TED sobre formigas de Deborah Gordon]

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ECONOMIA MULTIVALOR: 

fluxo de recursos e resultados de toda natureza, não apenas monetários, mas também culturais, ambientais e sociais (chamamos de 4D = quatro dimensões da sustentabilidade).

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[algo da Lala falando sobre esta economia]

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A Fluxonomia 4D é justamente a combinação destas 4 economias em fluxo(s) (6). 

E segundo ela, Economia Criativa gerando valor através dos patrimônios intangíveis, que combinados com os patrimônios tangíveis acessíveis a partir das tecnologias digitais na Economia Compartilhada, resultam na Economia Colaborativa, que ao conectar iniciativas pequenas e diversas a partir das duas primeiras economias, gera valores 4D, que resultam na Economia Multivalor e, assim, sucessivamente.



Ou seja, o valor aumenta no fluxo e é exponencializado quando o fluxo é em 4D.



OS FLUXOS

Então porque ainda não ficamos ricos diante de tamanha potencialidade de abundância através dos fluxos 4D, perguntam os fluxonomistas? 


Uma das perguntas que eu colocaria aqui seria  “o que é valor para você?



Porque “o que é valor” tem a ver com modelo “ganha-ganha” de um novo modo de se ver as relações e os fluxos, ou se quero ficar no modelo – mundo “velho” do ‘ganha-perde’ ou do ‘perde-ganha’: então é necessário falar sobre  o ponto de suficiência de cada um; é necessário falar sobre seu modelo de mundo; e é necessário falar sobre outros pressupostos de vida.

E aqui é necessário se dizer que seria (é?) fundamental entender que há uma grande diferença entre ser e estar.

Pois somos ricos, mas não estamos ricos, porque as 4 economias de futuro ainda seguem praticamente invisíveis, embora cada vez menos.
E isso porque nossa visão, em sua maioria, ainda não está preparada para perceber as riquezas à nossa volta. E nem nossas métricas estão adequadas para isso.

Fomos treinados a enxergar e dar valor apenas ao que é tangível (e isso abrange o ambiental e o financeiro), e que é o que ainda está mais disponível a ser visto, e “entendível”, além do fato de que as ferramentas para medir riquezas tangíveis, e mais visíveis, são as que consideram  os resultados numéricos, os quantitativos e o que chamamos de “monetário normal”.

O ser rico, para muitos de nós, é ter muito dinheiro e ser multimilionário.
É ter dinheiro para fazer o que se quiser. Não para se ter o que se precisa.


Por mais que usemos como “o mesmo”, “ter o que se quer” não é o mesmo que “ter o que se precisa”. 

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Muito me marcou ler que a Fluxonomia 4D trabalha observando e compreendendo os fluxos, e percebendo que de nada vale ter recursos ambientais ou financeiros se não houver conhecimento e pessoas para trabalhar com eles de modo suficiente e regenerativo.

E aí vi muito sentido também no que o design regenerativo (7) propõe.


E que desemboca em uma Cultura Regenerativa (8).



Então a Fluxonomia nos fala que para sair dessa situação paradoxal de escassez diante de tantos recursos abundantes, precisamos começar por desenvolver novas métricas que possibilitem visualizar e tangibilizar os intangíveis – aquilo que não se vê, não se guarda em bancos, mas é essencial à vida.
Visibilizar e atribuir valor a recursos e resultados nas quatro dimensões da sustentabilidade.

Ponderam os fluxonomistas que somente essa sistematização possibilitará fazer com que a crise seja uma benéfica transição de uma economia de consumo que tende à exaustão (modelo de competição (9)/ escassez ) para uma economia do cuidar que se multiplica (modelo de colaboração (10)/ abundância). (11)


COMO SER CORRESPONSÁVEL

O que é ser corresponsável para qualquer uma das dimensões do modelo 4D, segundo os fluxonomistas? 



Fundamentalmente é se comprometer em realizar pequenas tarefas
que vão se impondo como necessidade. 


E, esmiuçando, é:

  • “Não é se responsabilizar sozinho”.

    O que faz sentido em ações que acontecem em ambientes em rede, já que mesmo a pessoa é uma rede de “eus”.
    Embora seja necessário pontuar aqui que o mundo funciona em rede.
    E em redes de redes.
    E em…


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  • “Também não é garantir um determinado resultado”.

    O que faz sentido em um ambiente complexo que funciona em rede.
    Nestes ambientes, pode-se prever muita coisa, pode-se fazer ‘análise de cenários’, mas nada pode ser determinado a priori com certeza.

    [figura de incertezas versus certezas]



  • “Comprometer quer dizer ‘levar adiante com’ e, portanto, o que é necessário é ter um movimento incluindo as pessoas que queiram estar nele até que o resultado que tem que aparecer, apareça. Seja ele qual for”.


E esta co-responsabilização me lembra muito o Small Acts Manifesto (12). 

Vamos explorar como exemplo a necessidade de pagar as contas de luz e água.

Todos os co-responsáveis devem implantar a solução de arrecadação, fazer o trabalho de mobilização das pessoas, de dentro e de fora do grupo, para que contribuam com o dinheiro e, com o dinheiro arrecadado, pagar a conta. Todos os co-responsáveis são responsáveis por todas as partes do processo, independentemente do grau de interação de cada um com os demais e com o processo. Eventualmente um ou outro pode até contribuir com dinheiro próprio para o pagamento da conta, mas não são responsáveis pelo pagamento dela, todos o são.

Se, no limite, as contas não forem pagas, se ficará sem água e luz.


JUNTANDO DIMENSÕES E CORRESPONSABILIDADES

São listados abaixo as 4 dimensões do modelo fluxonomista, onde devem acontecer estas co-responsabilidades:

1) DIMENSÃO CULTURAL (habilidades e valores):

Somos exponenciais pois somos uma economia criativa e, portanto, nossa matéria prima é infinita e deveria se multiplicar como uso.

Porém só gera valor exponencial se estiver visível e acessível.


Perguntas a serem feitas nessa dimensão:

Que acontece aqui?

Quais iniciativas que circulam aqui?

Quais as ferramentas geradas aqui?

Quais os fluxos de tudo?

Quem vem e circula?

Meu comentário: também aqui se pode pensar em redes, pois redes que tem seu fluxo obstruído, que são “artificialmente represadas”, são lentamente levadas à estagnação.
E apodrecem.
E o custo de ações artificiais – que não sejam desobstruindo os fluxos – para evitar este “não-apodrecimento” é muito alto, e acaba “comendo” recursos que deveriam ser usados de maneiras mais saudáveis.

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2) DIMENSÃO AMBIENTAL (infraestrutura: espaço e equipamentos):

Somos exponenciais, pois somos uma economia compartilhada e, portanto, nossa infraestrutura deve otimizar recursos existentes

Porém só gera valor exponencial se os recursos disponíveis para compartilhar forem mapeados e conectados.

Meu comentário: aplica-se a mesma observação do item anterior, com o adendo de que isso só acontece em redes não fechadas, não “trancadas”, em que todos da rede podem acessar os recursos desta rede.

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3) DIMENSÃO SOCIAL (comunidades, grupos, empresas, instituições, pessoas):

Somos exponenciais, pois somos uma economia colaborativa e, portanto, nossa gestão deve ser distribuída e deve ganhar escala (ou a formação de redes e sistemas coligados?).

Porém só gera valor exponencial incluindo e conectando o diverso.

Perguntas a serem feitas nessa dimensão:

Quais as ações para colaborar e celebrar com acolhida, conexão, receptividade, fluxo, prazer, alegria e beleza?

Meu comentário: as redes aqui falam de pessoas, sua diversidade, sua disposição de não ser uma “rede de uma pessoa só” ou “uma rede de seres escolhidos que merecem o melhor, enquanto as outras pessoas só assistem”.
Aqui se observa que simpatias e antipatias entre pessoas podem ser aceitas, mas isso não pode ser motivo para que se façam inimigos (e guerras) e sim motivo para se fazer o esforço, consciente e trabalhado, de só se fazerem discordantes.
E uma outra observação: aqui não se pode falar de escalabilidade e sim de reprodutibilidade. “Escalar” neste sentido não se coaduna com uma sustentabilidade que contemple a regeneração e a cultura regenerativa, já reprodutibilidade, sem problemas.
Pego os modelos que me representam e dou “minha cara” a eles. 

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4) DIMENSÃO FINANCEIRA (tempo, crédito, moedas, valores):

Somos exponenciais, pois somos uma economia multimoedas e, portanto, nossas riquezas são sociais, ambientais, culturais e financeiras.

Porém só gera valor exponencial se forem visíveis e mensuráveis, e que sejam colocadas para circular.

Perguntas a serem feitas nessa dimensão:

Quais as ações para creditar e circular os recursos 4D disponíveis?

Quais os impactos?

O que foi ativado com os nossos fluxos?

Qual o valor do que fazemos?

E do que circulamos?

Qual o fluxo de recursos não monetários?

Meu comentário: aqui também se aplica a observação de obstrução de fluxos. Não cabe aqui a “brincadeira” de “o dinheiro é todo meu porque eu quero um iate de ouro e eu trabalhei para isso, você que morra de fome”.


É importante realçar que para estes modelos aconteçam, alguns pressupostos devem ser explicitados:

(1) um é a noção de que este(s) modelo(s) só pode(m) ocorrer na percepção de que se deve agir conscientemente em rede(s) (13). 

(2) Outro é que se estará adentrando no reino da complexidade e dos sistemas complexos (14). 

(3) E mais que educação, aqui se fala de aprendizagens (15). 

(4) Há de se ter consciência de que estamos falando sobre o modelo de mundo de cada um. E que estes modelos-pessoas tem que conversar. Conversas dialógicas. Com respeito e escutas significativas.


FECHAMENTO

Sobre a Fluxonomia, cito Lala Deheinzelin que para saber mais sobre como evolui tudo isso, deve-se acompanhar as atividades da Fluxonomia 4D, onde se estará preparando pessoas para atuar com estas quatro economias em suas iniciativas, principalmente através da formação (nível Pós e MBA) (16).

Enfim, vale a observação final: rompa com modelos que o fazem virar “um humano rico num ‘mar’ de humanos pobres”, ou que prometem riqueza material se você aceitar ser mais um no mecanismo, ou ser como um robô da década de 1960. 

Está mais que provado historicamente que não é um modelo que funcione ou que são modelos que não funcionam. 

Que adianta você estar vivo e riquíssimo de “Reais? Dólares?” num mundo cinza, seco  e estéril?

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Fechamento…?

Embaixo continua no … futuro.

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Os FUTUROS – Crie Futuros

Mas a motivação da criadora da Fluxonomia foi o que ela chama de Futuro Desejável.

Ela olha o Futuro Provável e o vê (com relação às pessoas) como reativo e com tendências pessimistas.

Ela olha o Futuro Possível e o vê (com relação às pessoas) como proativo e com tendências realistas.

Ela prefere olhar (sem desconsiderar os anteriores)  o Futuro Desejável e o vê (com relação às pessoas) como criativo e com tendências otimistas.

Isso tem muito a ver com o que estou chamando de Realismo Utópico.

Você vê, analisa, conversa, mas porque não considerar um futuro (com os dois pés no chão) que saia da normose?


Observação final:

Este modelo evoluiu para a incorporação de novas visões e novas práticas.

Assim que eu atualizar este artigo, o republicarei por aqui.


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Ou contribua via PIX:  8dff5a9a-5900-4666-bd06-e8bbdb9001c4
Veja também Meus Sonhos. )


(1) Este artigo é baseado em dois artigos de autoria de Lala Deheinzelin – http://laladeheinzelin.com.br/ – , um publicado em lista do Facebook e outro publicado no site Medium, https://medium.com/fluxonomia4d/fluxonomia-4d-as-quatro-economias-de-futuro-fecfd31de28f , mas que foi feito com minha visão e com o filtro de meus pensamentos e meus raciocínios.

(2) https://medium.com/fluxonomia4d/fluxonomia-4d-as-quatro-economias-de-futuro-fecfd31de28f de 2015.

Ver https://futurotopia.com/2021/03/18/fluxonomia-4d-as-quatro-economias-de-futuro/ de 2021.

(3)  https://medium.com/fluxonomia4d  de 2018.

(4)  https://elearning.iefp.pt/pluginfile.php/27001/mod_resource/content/0/INTRODUCAO_AS_REDES_SOCIAIS_-_PL.pdf

(5) – http://laladeheinzelin.com.br/

(6) Ver aqui também: http://www.itmanagement.com.br/2018/futurismo-as-quatro-economias/  e aqui https://youtu.be/BDxGe-hl-Uo .

(7) Ver aqui https://projetodraft.com/tag/design-regenerativo/ e aqui https://desenvolvimentoregenerativo.com/

(8) https://docs.google.com/document/d/1rjQzacbyTI3oYf8kSjy1rb2lYJujndpngYsKC9LwRKQ/edit?usp=sharing

(9) Referenciar posteriormente.

(10) Referenciar posteriormente.

(11) Curso da Camila Haddad no Descola – https://descola.org/economia-colaborativa

(12) Ver https://smallactsmanifesto.org/ ; https://www.linkedin.com/pulse/20141020170228-53561309-small-acts-manifesto/?originalSubdomain=pt ; https://medium.com/@mariathebr/novas-economias-e-micro-revolu%C3%A7%C3%B5es-1377aa48f8cd

(13) Sobre redes: referenciar posteriormente.

(14) Sobre sistemas complexos: https://pt.wikipedia.org/wiki/Sistemas_complexos e https://pt.wikipedia.org/wiki/Complexidade e https://en.wikipedia.org/wiki/Complex_system e https://en.wikipedia.org/wiki/Complexity

(15) Ver sobre aprendizagens em Alex Bretas: https://alexbretas.notion.site/alexbretas/Alex-Bretas-654fa024ee254286ba1395b8a56a24a4  e  https://substack.com/@alexbretas11  e  https://alexbretas11.medium.com/

(16) Que existem desde 2016.
Ver https://laladeheinzelin.com.br/ ; https://laladeheinzelin.com.br/fluxonomia4d/  ; https://laladeheinzelin.com.br/crie-futuros/

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Autor: maria thereza do amaral

maria thereza do amaral (pessoa)- - - - Experimentadora, enzima de redes (e comunidades) e sensibilizadora de conceitos - - - - - Fala sobre #comunidades, #complexidade, #gestãodasaúde, #culturaregenerativa e #transdisciplinaridade - - - - - Sorocaba, São Paulo, Brasil - - - - - https://mthamaral.wordpress.com/

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